O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) admitiu em depoimento à CPI da Covid do Senado que errou nas projeções sobre mortes e duração da pandemia do coronavírus e apresentou uma visão sobre a tese de imunidade de rebanho que contraria as suas falas anteriores -sendo por isso confrontado pelos senadores.
Terra, aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro e apontado como integrante e “padrinho” do gabinete paralelo, negou que haja uma estrutura de aconselhamento do presidente fora do Ministério da Saúde. E também disse que tem influência “zero” sobre o presidente.
O parlamentar presta depoimento na comissão nesta terça-feira (22). Terra havia sido convocado pelos senadores da comissão, mas o requerimento depois foi transformado em convite (formato em que a presença não é obrigatória) após pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Os senadores da comissão exploraram principalmente as previsões errôneas de Terra a respeito da pandemia e também sua defesa pública da imunidade de rebanho.
O parlamentar reconheceu que errou, mas justificou a situação argumentando que elaborou suas projeções com base nos dados disponíveis na época e também nas informações de epidemias anteriores.
Terra declarou que o Brasil teria no máximo duas mil mortes em decorrência da pandemia, mas o país já ultrapassou a marca de meio milhão de vidas perdidas.
“A China teve um surto completo. Ela começou, subiu, desceu e terminou. Tem 4 mil mortes na China até hoje. Era o surto que tinha na época para ser analisado: 4 mil mortes num país de 1,4 bilhão de habitantes nos levaram à ideia de que não seria uma coisa tão grave”, afirmou.
“O mesmo aconteceu com o surto da Coreia, 185 mortes. No navio Diamond Princess, sete pessoas morreram em 3,5 mil. Esses eram os dados, esses eram os fatos que tinham na época. E isso levou muita gente a fazer um julgamento otimista”, completou.