Clã Morais se incomoda com avanço de Cícero Lucena sobre redutos da oposição e isolamento de Efraim Filho

O projeto eleitoral do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (sem partido), tem causado desconforto não apenas na base governista, mas também entre figuras de peso da oposição. Informações obtidas pelo portal indicam que o clã Morais, liderado pelo senador Efraim Filho (União Brasil), não esconde o incômodo com o avanço do gestor pessoense sobre aliados e ícones oposicionistas.

Efraim foi o primeiro entre os postulantes ao Governo da Paraíba a consolidar sua pré-candidatura, movimento que ganhou força após a chegada do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, à sua base. No entanto, essa aproximação com o bolsonarismo acabou afastando lideranças mais ao centro do espectro político.

A reação não demorou: o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) declarou publicamente que não subiria em palanque bolsonarista, enquanto o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) demonstrou desconforto com declarações de Efraim sobre uma possível composição entre os dois.

O distanciamento desses grupos abriu espaço para que Cícero Lucena deixasse a base governista e se aproximasse do MDB, onde deve oficializar sua filiação nos próximos dias. O prefeito já conta com o apoio do partido e trabalha para atrair o PT do presidente Lula ao seu palanque, além de construir pontes com o grupo Cunha Lima. Há, inclusive, expectativa de que Pedro Cunha Lima ou Romero Rodrigues (Podemos) componham a chapa como vice.

Para Efraim, o cenário se tornou ainda mais delicado após a prisão de Jair Bolsonaro e a repercussão negativa da viagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos, onde buscou sanções contra o Brasil. Hoje, o senador tem como base sólida apenas o União Brasil — partido que, por conta da Federação União Progressista, pode migrar para o grupo de Lucas Ribeiro — e tenta atrair o Novo, de Sérgio Queiroz, para não ficar isolado.

Fontes ligadas ao grupo afirmam que o clima é de frustração entre aliados e que o ex-senador Efraim Morais, patriarca político da família, tem demonstrado forte preocupação com o isolamento político do filho. A tendência, segundo interlocutores, é que o desconforto no clã Morais aumente nas próximas semanas.