A perda da audição é um dos fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento de um quadro de demência. Em 2020, a comissão da revista científica The Lancet sobre prevenção, intervenção e cuidado da demência apontou que cerca de 8% dos casos no mundo podem estar associados à deficiência auditiva, enfatizando a importância do problema na epidemiologia da doença.
Mas utilizar aparelhos auditivos para reverter essa perda pode minimizar esse risco? Foi o que um time internacional de pesquisadores buscou responder a partir da análise de dados de quase 438 mil britânicos, disponíveis no banco de dados de saúde do Reino Unido, o UK Biobank. O novo estudo foi publicado nesta semana no periódico The Lancet Public Health.
Segundo a conclusão do trabalho, idosos que têm perda da audição, mas utilizam aparelhos auditivos para corrigir o problema, passam a ter um risco para demência reduzido para o mesmo nível daqueles que não enfrentam a perda.
“Estão crescendo as evidências de que a perda auditiva pode ser o fator de risco modificável de maior impacto para demência na meia-idade, mas a eficácia do uso de aparelhos auditivos na redução do risco de demência no mundo real ainda não está clara. Nosso estudo fornece a melhor evidência até o momento para sugerir que os aparelhos auditivos podem ser um tratamento minimamente invasivo e econômico para mitigar o impacto potencial da perda auditiva na demência”, afirma Dongshan Zhu, professor da Universidade de Shandong, na China, e autor do estudo, em comunicado.
Durante a análise das centenas de milhares de britânicos, os pesquisadores relacionaram as informações sobre casos de perda auditiva e de uso de aparelho, coletadas por meio de questionários, com os registros hospitalares e de óbitos que apontavam um diagnóstico de demência. Os indivíduos foram monitorados por um intervalo de 12 anos e tinham em média 56 anos no início.
