Enquanto milhões de brasileiros que vivem do salário mínimo ou pouco mais aguardavam um gesto de justiça social, o deputado paraibano Cabo Gilberto Silva (PL) mostrou, mais uma vez, de que lado está. Durante sessão na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (1º), ele se posicionou contra o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês.
Na contramão da maioria, Gilberto classificou a proposta como “um escárnio”, alegando que a medida transferiria o peso da arrecadação para os mais ricos. Mas a contradição é gritante: o parlamentar, que em 2022 declarou mais de R$ 1 milhão em patrimônio, incluindo imóveis, veículos e aplicações financeiras, parece ter mais preocupação em proteger os endinheirados do que em aliviar o bolso da classe média e dos mais pobres.
Em sua fala, o deputado usou exemplos como iPhones e automóveis de luxo para criticar a carga tributária, dizendo que “todo mundo anda de carro” e que o Brasil tem “o segundo iPhone mais caro do mundo”. A fala soou desconectada da realidade de quem mal consegue pagar o transporte público, a feira da semana ou sequer sonhar com um celular de última geração.
Não bastasse o discurso elitista, Gilberto ainda chamou a proposta de “populista e eleitoreira”, enquanto ele próprio já esteve envolvido em votações questionáveis no Congresso. Um exemplo é o seu apoio à “PEC da Blindagem”, que dificultava investigações contra parlamentares e gerou indignação em todo o país.
O ex-policial militar, que construiu sua imagem se apresentando como defensor do povo, parece hoje mais preocupado em blindar os poderosos e proteger os interesses de uma minoria rica. Aos que acreditaram em sua promessa de “lutar pelos humildes”, fica a sensação de traição: na prática, quem anda de ônibus, enfrenta filas no SUS e conta moeda para pagar as contas ficou em segundo plano.