FRAUDE DE BILHÕES NAS BETS: GOVERNO AGE PARA BLOQUEAR APOSTAS COM DINHEIRO DO BOLSA FAMÍLIA E BPC

O escândalo envolvendo o uso de recursos públicos em apostas esportivas movimenta o país e expõe um esquema bilionário de fraudes nas plataformas conhecidas como bets. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), mais de R$ 3 bilhões foram movimentados em apenas um mês em apostas realizadas por beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — dinheiro que deveria garantir alimentação e dignidade a famílias em situação de vulnerabilidade.

Diante da gravidade do caso, o Ministério da Fazenda anunciou a criação de um módulo antifraude no sistema SIGAP, desenvolvido pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), para cruzar os CPFs de apostadores com as bases de dados dos programas sociais. A ferramenta permitirá identificar e bloquear imediatamente cadastros e transações financeiras de beneficiários ativos.

Segundo o Ministério, a medida tem caráter emergencial e visa fechar o cerco contra operadores de apostas que têm se beneficiado da falta de controle sobre o uso do dinheiro público.

“A única solução viável é impedir que operadores mantenham cadastros de beneficiários ativos”, informou a pasta em nota técnica.

O sistema funcionará em tempo real, permitindo às casas de apostas verificar se o CPF de um usuário está vinculado ao Bolsa Família ou ao BPC. Caso positivo, o cadastro será automaticamente rejeitado — evitando que recursos de origem pública sejam desviados para o jogo.

A ação é resultado de uma articulação entre o Ministério da Fazenda, a Caixa Econômica Federal e os órgãos gestores dos programas sociais, atendendo a uma determinação cautelar do TCU que cobra medidas imediatas de controle e responsabilização.

Além do módulo tecnológico, a SPA informou que está elaborando uma norma específica para proibir formalmente qualquer vínculo comercial entre operadores de apostas e beneficiários de programas assistenciais.

Com o avanço das investigações e o endurecimento das regras, o governo tenta frear um esquema que vem drenando bilhões de reais dos cofres públicos e comprometendo a finalidade dos programas de transferência de renda — criados para combater a pobreza, e não para alimentar o lucro das bets.