TRANSPARÊNCIA ZERO.  RICARDO BEZERRA ADVOGADO  Denuncia  manobra para driblar exigência em contratos do São João de Patos

A polêmica em torno dos contratos do São João 2025 de Patos, no Sertão da Paraíba, acaba de ganhar um novo capítulo. Após a Justiça determinar um prazo de 10 dias para que a Prefeitura apresentasse todos os documentos referentes às contratações do evento junino, o advogado Ricardo Bezerra assegura que o que se viu foi uma manobra que reacendeu suspeitas sobre a legalidade e a transparência da gestão municipal.

Em vez de cumprir integralmente a ordem judicial, a Prefeitura – que é administrada por Nabor Wanderley, pai do presidente da Câmara Federal Hugo Motta – apresentou apenas dois documentos e anexou um novo termo aditivo ao contrato da empresa Fábio de Almeida Coelho, responsável pela estrutura do evento no Terreiro do Forró. O 3º Termo Aditivo amplia a vigência do contrato até dezembro de 2025, dando à empresa atribuições que vão desde a montagem de palco, som e iluminação até a realização de eventos paralelos como o Festival Gastronômico da Galinha de Capoeira, no distrito de Santa Gertrudes.

Para Ricardo Bezerra, autor da Ação Popular que pede a anulação dos contratos, a estratégia da Prefeitura configura uma tentativa de driblar a obrigação de revelar as contratações artísticas do São João. “Eles juntaram esse termo aditivo se justificando, correndo do páreo. Essa contratação é irregular. Ela é feita apenas para estrutura e não para artistas. Isso é um rebuliço jurídico grande”, declarou o advogado, que já levou a nova denúncia ao juiz responsável pelo caso.

Bezerra reforça que a empresa não tem, contratualmente, permissão legal para firmar contratos com artistas, e que a Prefeitura tenta usar um documento voltado à logística para justificar despesas com shows. “Vou provar que ela não tem essa capacidade. O mesmo já aconteceu em Campina Grande. Tenho material para mostrar que a história se repete”, afirmou.

A nova denúncia já foi protocolada, ampliando a ação que corre na 4ª Vara Mista de Patos, cujo valor da causa é de R$ 5 milhões. O caso pode se transformar em um divisor de águas para a fiscalização dos gastos com festas públicas no interior do estado, sobretudo num ano em que a transparência passou a ser pauta central da sociedade civil.