Enquanto os professores da Paraíba seguem na luta por melhores salários e condições de trabalho, em Curral de Cima parece existir uma fórmula mágica — ou talvez “parental” — para prosperar no serviço público sem precisar esquentar a cadeira da escola.
Segundo o Ministério Público da Paraíba (MPPB), a professora Josefa Lúcia Lima Alves, nada mais nada menos que sogra do prefeito Adjamir Souza, está sob investigação por um fenômeno digno de estudo: receber salário dobrado e, aparentemente, sem dar um único bom dia aos alunos.
De acordo com o sistema Sagres/PB, Josefa estaria lotada na Escola do Sítio Trigueiro/Pedra Furada — nome que, ironicamente, já sugere o terreno rochoso em que se apoia essa história. O problema é que, ao que tudo indica, ninguém por lá vê a professora há tempos. Ainda assim, o contracheque dela continua firme e forte, como aluno que nunca falta.
E que contracheque! O TCE-PB descobriu que o salário da “educadora invisível” saltou de R$ 6.101,56 para R$ 11.898,04 em maio de 2025. Um aumento de quase 100%. Nem o piso nacional da educação sonha com tamanha generosidade.
O caso foi parar nas mãos do promotor Rafael Garcia Teixeira, da Promotoria de Jacaraú, que agora tentará decifrar o enigma: será um erro administrativo, um presente de Dia das Mães, ou simplesmente o espírito natalino antecipado da gestão municipal?
Enquanto isso, a Prefeitura de Curral de Cima mantém o silêncio — talvez esperando que o tempo apague as suspeitas, assim como a professora parece ter apagado o quadro e desaparecido da escola.
Em tempos em que falta giz, merenda e respeito aos professores, Curral de Cima prova que, com os laços certos, a educação pode até sair de férias — mas o salário, jamais.
